A lombalgia é uma das queixas mais comuns nos consultórios médicos, chegando a afetar aproximadamente 80% da população em algum momento da vida.
Ela se caracteriza por dor na região lombar, ou seja, na parte inferior das costas, e pode ser causada por uma variedade de fatores, como lesões musculares, traumas, problemas de coluna vertebral, estresse, sedentarismo e má postura.
A lombalgia afeta negativamente a qualidade de vida das pessoas, impedindo-as de realizar suas atividades diárias e afetando sua capacidade de trabalhar e se divertir. Nos idosos, especialmente, diminui a funcionalidade e autonomia, o que indiretamente pode contribuir para potencializar quadros emocionais e psicológicos, como ansiedade e depressão.
A dor lombar é classificada em aguda, quando dura até seis semanas, ou crônica, quando a duração excede este período. Importante citar que a lombalgia crônica é um dos principais motivos para faltas e afastamentos do trabalho.
Quanto ao início, a lombalgia pode ser:
- Repentina ou súbita, como resultado de uma acidente ou após levantar um objeto muito pesado;
- Insidiosa, ou seja, surgir ao longo do tempo, como no caso daquelas que ocorrem devido a mudanças na coluna causadas pelo envelhecimento.
Neste artigo, vamos discutir as causas comuns de lombalgia, sintomas e tratamentos disponíveis.
Causas da lombalgia
Na maior parte dos casos, ocorre o que se chama de lombalgia mecânica. É relacionada ao movimento, e frequentemente causada por má postura ao sentar, deitar, abaixar, empurrar objetos pesados (móveis, por exemplo), carregar peso sem uma técnica adequada e exercer atividades laborais sem ergonomia. Inicialmente é um quadro benigno, que tende a melhorar em algumas semanas e pouquíssimas vezes está ligado a uma situação clínica / ortopédica subjacente.
Estes casos, quando não tratados adequadamente e suas causas corrigidas, podem levar ao longo do tempo ao surgimento de deformidades permanentes no sistema osteomuscular.
Há ainda outros fatores associados à lombalgia, como a artrose (desgaste de articulações), artrite reumatoide, infecção, inflamação, hérnia de disco e espondilolistese (escorregamento de vértebras).
Algumas das causas mais comuns de lombalgia incluem:
- Lesões musculares: As lesões musculares podem causar dor na região lombar. Essas lesões geralmente ocorrem devido a esforços repetitivos, realização de atividade física intensa sem orientação ou até mesmo podem ocorrer ao levantamento de objetos pesados de maneira inadequada.
- Problemas de coluna vertebral: A coluna vertebral é composta por vértebras, discos intervertebrais e ligamentos. Problemas como hérnia de disco, estenose espinal e espondilolistese podem causar dor na região lombar.
- Estresse: O estresse pode causar tensão muscular, que pode levar à dores nas costas. O estresse também pode afetar a capacidade do corpo de lidar com a dor, fazendo com que a dor seja sentida de maneira mais intensa.
- Sedentarismo / obesidade: O sedentarismo pode causar fraqueza muscular e aumento da pressão na coluna vertebral, o que pode levar à lombalgia.
- Má postura: A má postura pode causar tensão muscular e desgaste na coluna vertebral, o que pode levar à lombalgia.
- Outras situações: Um importante exemplo de doença clínica que causa dor lombar intensa é a cólica renal, causada pela movimentação dos cálculos renais em toda a extensão do aparelho urinário. Além disso, doenças como artrite, fibromialgia, doenças ginecológicas e doenças inflamatórias intestinais também podem causar lombalgia.
Sintomas e diagnóstico da lombalgia
O diagnóstico da lombalgia geralmente começa com uma consulta médica, onde o médico irá perguntar sobre os sintomas e histórico médico do paciente.
O médico também realizará um exame físico e, se necessário, solicitar exames de imagem, como radiografia, tomografia ou ressonância magnética, para avaliar a coluna vertebral.
Além do exame físico e dos exames de imagem, outros exames podem ser solicitados para descartar outras causas de dor na região lombar.
Esses exames podem incluir exames de sangue, urina e outros exames específicos para doenças inflamatórias ou degenerativas.
Em alguns casos, o médico pode encaminhar o paciente para outros especialistas para avaliar a causa específica da lombalgia e elaborar um plano de tratamento.
Caso a dor possua alguns dos sinais de alerta abaixo (ou red flags, em inglês), uma avaliação médica precoce é imprescindível:
- Surgimento da dor em idade inferior a 20 ou início acima dos 55 anos
- Dor constante e progressiva, e que não melhora com repouso
- História recente de trauma
- Dor torácica associada
- História prévia de neoplasias malignas
- Emagrecimento inexplicado
- Febre
- Uso crônico de corticóide
- Uso de drogas endovenosas,
- Diagnóstico de HIV ou outra situação de imunossupressão
- Comprometimento estado geral
- Alterações neurológicas (neurológico)
Tratamento da lombalgia de natureza osteomuscular
O tratamento da lombalgia depende da causa específica da dor e pode incluir várias abordagens, tais como medicamentos, fisioterapia, exercícios e mudanças no estilo de vida.
- Mudanças no estilo de vida: Mudanças no estilo de vida, como perder peso, evitar levantar objetos pesados de maneira inadequada e manter uma boa postura, podem ajudar a prevenir a lombalgia. O exercício regular também pode ajudar a fortalecer os músculos da região lombar e melhorar a flexibilidade.
- Medicamentos: Os medicamentos são usados para aliviar a dor e a inflamação. O paracetamol e os anti-inflamatórios não-hormonais (AINEs) são os medicamentos mais comumente utilizados para aliviar a dor na lombalgia aguda. Os medicamentos como os analgésicos opioides são reservados para casos mais graves ou crônicos.
- Acupuntura: A acupuntura pode ajudar a aliviar a dor e a inflamação, além de fortalecer os músculos da região lombar. A uso das técnicas de acupuntura, eletroacupuntura e eletroestimulação são especialmente úteis para ajudar a prevenir futuras recorrências de lombalgia.
- Fisioterapia e outras terapias físicas: a associação de fisioterapia ao tratamento é essencial para uma boa reabilitação. Existem também diversas técnicas que podem ser muito úteis nesse sentido, como o RPG, Pilates, Rolfing e outras terapias miofasciais.
- Cirurgia: Em casos raros, a cirurgia pode ser recomendada se outros tratamentos não forem eficazes. A cirurgia pode incluir procedimentos como a discectomia, que é uma intervenção cirúrgica no disco intervertebral, ou a fusão vertebral – a artrodese, que é a fixação de duas ou mais vértebras juntas, entre outros.
Acupuntura como uma grande aliada no tratamento da lombalgia
A acupuntura é uma técnica milenar que consiste na inserção de agulhas em pontos específicos do corpo para aliviar dores e tratar uma variedade de condições médicas. A tradição vem sendo cada vez mais confirmada por estudos científicos, que mostram grandes benefícios quando se utiliza acupuntura no tratamento da dor lombar.
A acupuntura manual ou a eletroacupuntura atuam estimulando os nervos, músculos e tecidos conectivos, o que ajuda a aliviar a dor e melhorar a função muscular. Além disso, também podem melhorar a circulação sanguínea, o que pode reduzir a inflamação e acelerar a cicatrização.
A acupuntura também pode ser usada para tratar a causa subjacente da lombalgia. Por exemplo, se a lombalgia for causada por tensão muscular, a acupuntura pode ser usada para relaxar os músculos e aliviar a dor. Se a lombalgia for causada por problemas de coluna vertebral, a acupuntura pode ser usada para melhorar a função da coluna vertebral e aliviar a dor.
Prevenção da lombalgia
Para prevenir a lombalgia é importante corrigir a postura, e evitar esforço físico exagerado como o carregamento de peso. Realizar mudanças dos hábitos de vida é essencial para uma melhora duradoura.
A dor lombar pode também, como toda dor física, ser agravada por aspectos emocionais. Por isso, em alguns casos é importante fazer uma avaliação psicológica também.
Quem já teve um episódio de dor lombar deve buscar avaliação médica para saber se é algo transitório (como as lombalgias mecânicas iniciais) ou se existe alguma doença em curso, principalmente, a partir dos 30 anos de idade.
Medicamentos contra dor e inflamação devem ser prescritos pelo médico, devido aos riscos de efeitos colaterais, principalmente para quem já faz outros tratamentos de saúde. A interação medicamentosa deve ser avaliada pelo médico.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto.